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Existem procedimentos alternativos à transfusão de sangue
Quando a transfusão de sangue é indicada a um paciente, poucas pessoas se negam a receber. Mas e quando o embasamento religioso recusa tal procedimento?
Esta postura é adotada pelos Testemunhas de Jeová, que acreditam que as transfusões de sangue são proibidas por trechos bíblicos.
Um projeto de lei de 2005 do deputado federal Dr. Heleno previa instituir o direito de opção de tratamento de saúde alternativo a todos os pacientes passíveis do uso de transfusão, porém tal projeto não foi aprovado e está arquivado.
A recusa de tratamento médico motivada por convicção religiosa já tem proteção constitucional, mas poucas pessoas sabem que qualquer um, independente da religião, pode solicitar procedimentos alternativos à transfusão sanguínea.
Atualmente as comunidades médicas e jurídicas, ainda que de forma tímida, têm dado sinais de que tendem a reconhecer o direito do paciente de rejeitar determinados tratamentos médicos, independentemente do risco que ele esteja correndo com essa recusa.
Em todo o mundo existem mais de 100 mil médicos que utilizam técnicas alternativas à transfusão sanguínea. No Brasil, já por mais de uma década, os médicos vêm utilizando técnicas em substituição à transfusão sanguínea.
Pesquisas apontam que a experiência médica tem também demonstrado que a utilização de técnicas alternativas ao sangue apresenta diversas vantagens, sendo uma delas a impossibilidade de transmissão de doenças viróticas mortais ao paciente.
Vagner Gamba, da Comissão de Ligação com Hospitais para as Testemunhas de Jeová (COLIH), fala um pouco sobre o assunto, de forma a esclarecer a existência de procedimentos alternativos:
JC - Hoje existe muito preconceito por parte da sociedade a respeito desse assunto exatamente por não entender os motivos, que não são apenas religiosos. Vocês acreditam que falta informação médica sobre as alternativas?
Gamba - Não, hoje em dia uma rápida busca na internet sobre cirurgia sem sangue, alternativas às transfusões, no blood, etc, encontrarão muita informação a respeito e praticamente todas revistas médicas publicadas no mundo têm centenas de artigos sobre o assunto.
JC - Poderia citar alguma das alternativas existentes à transfusão sanguínea?
Gamba - Para pacientes anêmicos, uma alternativa é o uso de HrEPO, um hormônio que faz crescer rapidamente os glóbulos vermelhos. Em cirurgia, o recuperador de células, que aspira o sangue que seria perdido durante a cirurgia, filtra e devolve no mesmo momento ao paciente, evitando assim a necessidade de transfusões. E a mais utilizada em praticamente todas as cirurgias é a HNA, hemodiluição normovolêmica aguda, que retira um pouco do sangue do paciente minutos antes da cirurgia, repõe o volume de sangue retirado com um solução acelular e vai reinfundindo este sangue durante o procedimento para compensar a perda durante a cirurgia. Este é o procedimento mais simples e de custo praticamente zero, usado nos grandes centros cirúrgicos da Europa e dos EUA. Ainda existem dispositivos cirúrgicos para minimizar a perda sanguínea, técnicas para evitar e controlar hemorragias, técnicas anestésicas para limitar a perda sanguínea, expansores do volume, agentes hemostáticos para hemorragia e coagulação, e muitos outros. Importante ressaltar que cada caso é um caso e em cada um deve-se estudar quais estratégias usar e muitas vezes se usam uma combinação dessas estratégias a fim de obter o melhor resultado.
JC - Sobre os médicos que fazem os procedimentos, vocês acreditam que falta informação para que eles façam cirurgias sem a necessidade de sangue?
Gamba - A Comissão de Ligação com Hospitais, da qual faço parte, tem um programa de visita a médicos, hospitais, escolas de medicina, enfermagem, etc, pelo qual levamos informações atualizadas, fazemos palestras, conferências médicas, além de um amplo material que colocamos à disposição de qualquer médico ou instituição e sem custo, e muitos médicos têm se interessado pelo assunto, ampliando assim seus conhecimentos, técnicas em benefício não apenas desse grupo minoritário, mas de toda a sociedade, uma vez que sabe-se que, apesar dos avanços da medicina, ainda assim os riscos associados às transfusões são alarmantes e a mortalidade relacionada às transfusões continuam altas.
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