01/03/2016 13h38 -
Famílias liberam corpos de vítimas de acidente entre trem e ônibus na PB
Quatro mulheres morreram no acidente.
Polícia ainda vai ouvir motorista, cobrador e maquinistas.
Pelo menos cinco pessoas, todas parentes das vítimas que morreram no acidente entre um ônibus e um trem em Santa Rita, na Região Metropolitana de João Pessoa, foram ouvidas pela Polícia Civil entre a noite da segunda-feira (29) e a manhã desta terça-feira (1º). De acordo com o delegado Antônio Farias, que está à frente das investigações, a prioridade da polícia é entregar os documentos aos familiares para que os corpos sejam liberados da Gerência de Medicina e Odontologia Legal de João Pessoa (Gemol) antes que testemunhas, o motorista e o cobrador do ônibus e os maquinistas do trem sejam ouvidos.
“Estamos primeiro entregando a documentação e ouvindo os familiares e amigos das vítimas, por isso ainda não temos uma previsão, se será ainda nesta terça ou na quarta-feira (2), de quando iremos ouvir o motorista e o cobrador do ônibus além dos dois maquinistas do trem. Essas pessoas têm informações cabais para que a gente possa entender como aconteceu o acidente”, disse o delegado.
Na manhã desta terça-feira, parentes das vítimas foram fazer o reconhecimento e liberar os corpos na sede do Gemol. Quatro mulheres morreram no acidente, sendo que três no momento da colisão e uma no Hospital de Emergência e Trauma de João Pessoa, durante a madrugada.
O operador de máquinas Pedro Dias foi um dos primeiros a chegar na unidade. Ele foi liberar o corpo da mulher, Adriana Castro, de 33 anos. Ela trabalhava como doméstica na casa de uma família em João Pessoa e estava voltando para casa quando aconteceu o acidente. O corpo vai ser velado na casa onde morava, em Várzea Nova, e o enterro está previsto para as 16h no Cemitério de Várzea Nova.
“[Ontem] Eu fui em todos os hospitais aqui da região e não consegui encontrar ela. O único lugar que restou foi aqui, que confirmou que ela chegou a falecer. Era uma ótima esposa, uma guerreira”, disse Pedro, em entrevista à TV Cabo Branco.
A atendente de farmácia Cleia Percila do Nascimento Silva, de 39 anos, era outra das vítimas que voltava do trabalho no ônibus. Ela deixa um casal de filhos. “Alegre, cheia de vida e de sonhos, projetos. Uma mãe exemplar, uma pessoa mais que guerreira. Essa era a Cleia”, contou Cláudia Campos, cunhada da vítima. O velório vai acontecer na casa da mãe da vítima, em Bayeux, e o velório vai ser na quarta-feira (2), às 9h.
A zeladora Josefa Maria de Lima Silva, de 52 anos, foi uma das pessoas que morreu no momento da colisão. O irmão dela, José Josué Filho, explica que a família ficou chocada com a morte. “As vezes a gente vê na televisão e nunca imagina que um dia pode acontecer dentro do nosso círculo familiar”, comentou. O corpo da mulher vai ser velado no Salão do Reino das Testemunhas de Jeová e o enterro acontece às 16h no Cemitério de Tibiri.
Outra vítima do acidente foi a professora de ensino fundamental Edilane da Silva Macêdo Alves, de 49 anos. Ela havia trabalhado pela manhã e à tarde saiu para pagar contas. O marido dela estranhou a demora e só depois ficou sabendo do acidente. “Para cair a ficha, só a misericórdia. Penso muito nos meus netos, tenho um de cinco anos e outro de três. O de cinco só faz perguntar pela avó, fica dizendo ‘cadê a vovó que não chegou?’”, disse Jailton Oliveira Alves.
O velório da professora acontece na Igreja Batista de Vázea Nova, localizada em frente ao local do acidente, e reúne parentes, estudantes e professores da escola onde ela trabalhava. O enterro está previsto para as 16h no Cemitério de Várzea Nova.
local do acidente
Vítimas tiveram alta
Duas pessoas que ficaram feridas no acidente tiveram alta do Hospital de Emergência e Trauma da capital paraibana na manhã desta terça-feira (1º). A informação foi divulgada por volta das 11h30, por meio de um boletim da unidade.
O documento do hospital também corrigiu o número de feridos no acidente que foram atendidos na unidade. Inicialmente a informação repassada pela unidade era de que nove pessoas haviam dado entrada por causa do acidente. No boletim mais recente, o número subiu para dez. A décima pessoa seria o cobrador do ônibus, cuja entrada havia sido registrada como procedente de outro acidente e só nesta terça-feira a informação no hospital foi corrigida.
As duas pessoas que tiveram alta são um jovem de 18 anos e um homem de 59 anos. Eles passaram por procedimentos de emergência e após ficarem em observação, foram liberados. Além deles, outras sete pessoas seguem internadas, sendo cinco em estado regular e duas em estado grave, porém estável.
O acidente
A colisão aconteceu na passagem de nível de Várzea Nova, distrito de Santa Rita, no final da tarde de segunda-feira. As imagens da câmera de segurança de um estabelecimento comercial flagraram o momento em que aconteceu o acidente. No vídeo é possível ver desde o momento em que o ônibus para nos trilhos até a colisão.
O vídeo confirma a versão da assessoria de imprensa da Companhia Brasileira de de Trens Urbanos (CBTU), que havia informado na segunda-feira que o ônibus estaria parado na linha férrea e o trem teria buzinado várias vezes para alertar que estava se aproximando, mas ainda assim não evitou a colisão. Com o impacto da batida, três mulheres que estavam dentro do ônibus foram jogadas para fora do veículo e morreram imediatamente. Nenhum passageiro do trem se feriu. Em nota, a CBTU lamentou o acidente e informou que vai abrir sindicância para apurar os fatos. A prefeitura de Santa Rita decretou cinco dias de luto oficial na cidade.
O governador Ricardo Coutinho, a Secretária estadual de Saúde, Roberta Abath, e o prefeito de Santa Rita, Severino Alves, conhecido como Netinho, foram até a unidade de saúde para acompanhar o atendimento as vítimas. Um rapaz que estava no coletivo foi encaminhado para Unidade de Pronto Atendimento de Urgência (UPA) do bairro de Tibiri em Santa Rita.
De acordo com o boletim médico do Hospital de Emergência e Trauma de João Pessoa desta terça-feira (1º), outras oito pessoas seguem internadas, sendo duas pessoas em estado de saúde considerado grave, e outras seis em estado regular. Entre os internados em estado grave estão uma adolescente de 14 anos e um homem de 53 anos.
Em entrevista à TV Cabo Branco, o gerente operacional da empresa Santa Rita, proprietária do ônibus que se envolveu na colisão, Luiz Carlos André, lamentou o acidente e disse que a empresa vai colaborar com as investigações da polícia para esclarecer o caso.
"Em primeiro lugar eu quero lamentar a tragédia e dizer que estamos solidários. Infelizmente houve vítimas. A questão do acidente, seria irresponsável dizer o que causou, o momento e de averiguar, dar subsídio à polícia para descobrir o que causou o acidente", disse Luiz Carlos André.
O funcionário da empresa informou ainda que o motorista do veículo teve apenas ferimentos leves e que deverá prestar depoimento a polícia nesta terça-feira (1º). Ainda de acordo com o representante da empresa, o motorista teve medo de sofrer algum tipo de agressão da população e por isso, teria deixado o local do acidente.
Colisão entre trem e ônibus deixou mortos e feridos em Santa Rita (Foto: Walter Paparazzo/G1)
Investigações
Até as 19h30 de segunda-feira (29) o trânsito na passagem de nível e a ferrovia ainda estavam bloqueadas pela perícia, que trabalhava no local da colisão para levantar informações sobre o que teria causado o acidente. Inicialmente duas hipóteses foram levantadas, uma seria de que o veículo teria apresentado uma falha mecânica e a outra é de que o motorista estava parado na ferrovia porque um veículo estaria na frente do coletivo, bloqueando a passagem.
Segundo o delegado Antonio Farias, testemunhas relataram que o ônibus estava há muito tempo parado sobre a ferrovia, e que não houve reação do motorista do ônibus ao alerta sonoro dado diversas vezes pelo condutor do trem.
Hemocentro pede doações
A diretoria do Hemocentro da Paraíba fez um apelo para que as pessoas doem sangue para o feridos do acidente. Segundo o Hemocentro, o estoque de sangue da unidade está baixo e como os feridos estão em estado grave, há a necessidade de ter bolsas de sangue e hemoderivados à disposição dos feridos.
Acidente entre trem e ônibus em Santa Rita, na Paraíba (Foto: Walter Paparazzo/G1)
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